PRODUÇÃO DE TEXTOS

Dominando o Mundo das Letras

Palavras chaves: escrita; compreensão de texto; alfabetização.

Tomo como ponto de partida o premio Victor Civita Educar nota 10 em 2006, onde a professora Sandra Valeria Lucia, professora do ensino fundamental em Piracicaba – SP foi destaque.
O modo como o tema foi abordado pela professora, garantiu o primeiro lugar, e despertou em muitos dos professores a curiosidade e vontade de alçar os mesmos objetivos.
Sandra usou textos de fácil compreensão, e que as crianças tinham domínio.
Ex:

Era uma vez uma rainha que, distraída furou o dedo com uma agulha e viu caírem sobre as neves três gotas de sangue. Sonhadora, logo se imaginou ao lado de uma filha de pele branca como neve, com lábios vermelhos como o sangue e os cabelos negros como ébaro. Essa historia - da linda jovem que acaba expulsa do castelo pela madrasta, conhece sete anos  é envenenada com uma maça e acaba sendo salva pelo beijo do príncipe.





Era uma vez uma professora que, dedicada e exigente (e cansada de ver tantas crianças sofrendo para se alfabetizar), resolveu aperfeiçoar sua formação para aprender formas mais eficientes de garantir que todos efetivamente aprendam o que se espera nos primeiros anos de escolarização. Enfrentou dilemas e sofreu para mudar determinadas rotinas. Entre outras estratégias de ensino, descobriu a importância de utilizar textos conhecidos pelos próprios alunos (como o da Branca de Neve) e chegou ao fim do ano com a sensação de que o feitiço capaz de salvar suas crianças estava nela mesmo.

(Gabriel Pillar Grossi)

Neste caso, percebemos que o caminho percorrido pela professora não foi fácil, mas o trabalho estava apenas começando.
A vencedora e criadora do projeto usou os seguintes pontos como princípios norteadores de seu método/trabalho.
. Alfabetizar usando textos conhecidos pelas crianças.
. Facilitar o aprendizado, pois todos já conhecem a historia e se sentem mais a vontade para reescrevê-las.
. Desenvolver o comportamento leitor e o escritor.
. Permitir que a leitura e a escrita fosse compreendidas como praticas sociais.


Podemos dizer que Sandra soube usar a literatura casual para acelerar e enriquecer a aprendizagem da turma.
Sandra diz: “Eu ate tinha hábitos de ler todos os dias para as crianças”


“As situações didáticas têm como foco a relação que cada estudante estabelece com a linguagem escrita, as características textuais e a própria escrita.”

Um dos fatores que não podem ser deixados de lado e a idéia de passar para as crianças que ler e escrever são hábitos diários e importantes para sua formação.

Resumo da atividade desenvolvia no projeto:
·       Leitura em voz alta;
·       Leitura silenciosa
·       Tudo de novo, em vídeo.
·       Escrever, reescrever, revisar;
·       Hora de ilustração;
·       Produto final: um livro.

Ponto final do projeto:
Trabalho em dupla, pois a classe foi dividida em normas que regem a escrita, trabalharam idéias de um ajudar o outro, de modo que todos acompanhassem o mesmo raciocínio.
Contudo, percebe-se que Sandra não caiu nas armadilhas em confundir a aprendizagem como o conteúdo que pretendia ensinar. Os objetivos então neste trabalho passa a ser convergente, pois considera a necessidade de aprendizagem do grupo e a missão de garantir que a importância da linguagem escrita e dos comportamentos dos leitores sejam ressaltadas.





A produção de textos escritos
Produção de texto não é a mesma coisa que redação. Até recentemente, no ensino de português frisava-se o ensino de gramática, conhecido como “um conjunto de regras que devem ser seguidas para falar e escrever corretamente”. com isso trabalhava-se a metalinguagem e não a linguagem.
 E muitas vezes, isso se dava através das redações. O exercício da REDAÇÃO se dá de forma artificial, forçada do emprego da língua, constituindo-se numa produção de texto para a escola e para o professor.
De acordo com GERALDI (1995) “a produção de textos (orais e escritos) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua.” (p.135)
Sendo assim, a prática da produção de textos não deve ser entendida como o exercício da redação. Como muitas vezes defendido pela professora Célia Abicalil, a redução de opções torna-se um amontoado de frases, muitas vezes sem nenhum sentido textual.
Ou ainda, como defende MARINHO (1997)
o exercício de redação se dá numa situação artificial e forçada do emprego da língua, constituindo-se numa atividade de produção de textos para a escola, para o professor.
Já a produção de textos é aqui entendida como uma atividade em que se produzem discursos. ”(p.88)

Tratado por MARINHO (1997) em acordo com GERALDI (1995) a produção de texto é entendida como ‘uma unidade lingüística’ seja falada ou escrita, usada como interação comunicativa.
Interação comunicativa, de acordo com os dois autores, é a máxima da produção de textos, pois para tanto “é preciso (...) que se tenha o que dizer, que se tenha uma razão para dizer o que se tem a dizer, ainda, que o locutor se constitua como sujeito que diz o que diz para quem diz.”
Para esse tipo de atividade em sala, diferentemente da redação, o professor deve levar o aluno a sentir-lo como co-autor, desenvolvendo no aluno/autor sentimentos de pertinência a escrita e formatação do texto. Não ‘puni-lo’ com frases como ilegível, sem pé nem cabeça, etc., mas levá-lo a reescrever o texto sanando essas partes, tornando-as legíveis.
Nesse sentido o professor seria o interlocutor de seus alunos e não mais avaliador de seus textos. O que muitas vezes em sala de aula não é possível, devido a quantidade de textos produzido em sala de aula, onde, na correção, o professor atenta apenas para as marcas de erros ou incorreções. Devolvidos para aos alunos, os textos serão esquecidos e as correções idem.
Entretanto, é consenso entre os dois autores que o professor nesses casos sejam o co-autor destes textos “questionando, sugerindo, testando o texto do aluno como leitor” de forma a auxiliar o aluno a “dizer o que quer dizer da forma que escolheu”(MARINHO p.90) Dessa forma, a avaliação do professor passa a ser mais próxima e mais de acordo com as avaliações que fazemos normalmente fora da escola, onde concordamos, discordamos, damos nossas opiniões e muitas vezes até mesmo enfatizamos algum argumento.
Diante deste debate uma pergunta levantada pela autora nos arrefece a expectativa: como fazer isso em sala com 30 ou 40 alunos, e consequentemente textos?
Aqui, neste paradoxo, sabemos que definir padrões de avaliação de textos não é fácil. Mas a autora nos sugere, citando Costa Val, Beaugrande e Dressler,sete fatores:
1.     Coerência – principio de interpretabilidade do texto, responsável por sua unidade de sentido;
2.     Coesão – responsável pela unidade formal;
3.     Intencionalidade – diz respeito a intenção do autor em produzir um texto coerente e coeso;
4.     Aceitabilidade – diz respeito a aceitação dos autores em a manifestação lingüística como um texto coerente e coeso;
5.     Situcionalidade – adequação do texto À situação sociocomunicativa;
6.     Informatividade – que designa em que medida as ocorrências contidas no texto são esperadas ou não;
7.     Intertextualidade – que diz respeito aos fatores que tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos previamente existentes.
Para avaliação destes textos a autora cita alguns critérios que se dividem, principalmente, em dois planos: semântico-conceitual e o formal, baseados na analise da informatividade, da coerência e da coesão.
1 – Plano semântico-conceitual
·   Pertinência quanto à questão proposta ou adequação ao tema;
·  Coerência com o contexto da situação;
·  Adequação vocabular;
·  Coerência interna analisando
o      Repetição ou continuidade,
o      Progressão,
o      Relação ou articulação
o      Não-contradição
2 – Plano formal
·   Coesão textual,
·  Estruturação sintática dos períodos
·  Morfossintaxe
·  Pontuação
·  Ortografia e acentuação

A autora encerra o texto, fazendo uma pequena reflexão sobre as condições expostas por ela neste artigo, onde crê estar um auxilio para o professor que deseja se tornar antes de mais nada um interlocutor de seus alunos.

Bibliografia

MARINHO, Janice Helena Chaves, A produção de textos escritos in Reflexões sobre a língua portuguesa – Ensino e Pesquisa – organização Regina Lúcia Peret Dell’Isola e Eliana Amarante de Mendonça --

Escrito por Lídia  Flávia